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FILOSOFIA                                                                                                                                      Prof. George Artur
MITO DE ÉDIPO REI

Diante do palácio de Édipo, rei de Tebas, o povo, em procissão, carrega ramos para depositá-los nos altares dos deuses protetores da cidade. Pranto, gritos e preces, indagações sem respostas nos fazem saber que a peste assola Tebas, matando crianças, adultos, animais e plantas. Nascem seres monstruosos e, pouco a pouco, reina a esterilidade. No alto do palácio, aparece o rei Édipo, desolado, mas ameaçador, prometendo descobrir a causa do infortúnio e que, se causado por algum ser humano, o fará confessar o crime, mandando mata-lo a seguir.

Édipo diz ao povo que aguarde com ele o retorno de seu cunhado Creonte, enviado a Delfos para consultar o oráculo1, a fim de que este ofereça sinais para a descoberta do culpado. De regresso, Creonte declara que o oráculo afirmara estar o criminoso vivendo em Tebas e ser o mesmo que matara o predecessor de Édipo, o rei Láio, havendo relação entre esse crime e a desgraça da cidade. Édipo considera impossível o que escuta, pois todas as tentativas para encontrar o assassino haviam sido infrutíferas, mas tão severas que ele não teria como viver em Tebas sem ser descoberto. Édipo desconfia de uma trama de Creonte para roubar-lhe o poder. Desconfiança que aumenta quando Creonte traz o adivinho Tirésias (um cego, porque na simbologia grega os que são dotados do dom da vidência sobre o passado e o futuro precisam não contar com os olhos do corpo, sempre sujeito a enganos) que ameaça Édipo com desgraças ainda maiores, se esse prosseguir a busca – Tirésias conhece o culpado, mas se recusa a nomeá-lo apesar das ordens do rei. Jocasta, a rainha, também aconselha Édipo a abandonar a busca, alegando que muito tempo se passara e que não haveria por que remexer no passado, sendo melhor realizar rituais propiciatórios para que os deuses afastassem as desgraças. Mas Édito persiste.

No correr dos diálogos ficamos sabendo que Édipo se tornara rei de Tebas porque livrara a cidade da perseguição da Esfinge (monstro com cabeça e seios de mulher, corpo de cachorro, rabo de dragão, asas de pássaro e unhas de leão), devoradora de virgens de Tebas e que impunha como condição para parar a matança que um homem decifrasse o enigma que propunha2. Édipo decifrou e salvou a cidade, tornando-se rei porque Laio fora morto numa estrada por salteadores.

Ficamos sabendo também que Édipo viera para Tebas fugindo de sua cidade, Corinto, porque soubera não ser filho legítimo de Polibo e Mérope, apenas seus pais adotivos, partindo em busca dos pais verdadeiros, enfrentando malfeitores no caminho e matando o mais velho deles com um bastão.

Sabemos também que pesava sobre a casa de Laio e Jocasta uma maldição: que seu filho o mataria e se casaria com a mãe. E que para evitar esse horror, Jocasta entregara seu filho recém nascido a um empregado para que o matasse. Édipo diz que maldição semelhante pesara sobre ele e que pretendia deixar Corinto, antes mesmo de saber que era filho adotivo, porque temia matar Polibo e desposar Mérope, pensando até mesmo em lá ficar se pudesse certificar-se de que tal risco não existiria, caso Polibo e Mérope fossem mesmo seus pais adotivos. Por esse motivo Édipo fora consultar o oráculo de Delfos que confirmará a maldição, sem lhe dizer se os reis de Corinto eram ou não seus verdadeiros pais. A dúvida afastou-o de Corinto, levando-o a Tebas.

As suspeitas crescem em Jocasta que procura fazer com que Édipo desista de buscar o assassino de Laio, mas Édipo não desiste. Jocasta sabe que igual maldição pesara sobre seu filho com Laio, mandando mata-lo para evitar que fosse consumada a tal maldição e, embora esteja certa da morte da criança, a maldição de Édipo a perturba. Édipo sente-se tranqüilo porque a descrição que os tebanos lhe fizeram da morte de Laio não coincide com a lembrança que possui do encontro com os salteadores, na encruzilhada que o levou a Tebas. Temendo que Édipo se deixe abater pela lembrança da maldição e procurando apaziguar-se a si mesma, Jocasta procura convence-lo de que todos os homens sonham em dormir com a mãe, sendo o incesto3 um desejo comum.

O desenlace ocorre quando um pastor, certo de que trará boas notícias ao rei, vem a Tebas e conta a Édipo que, de fato, ele não é filho de Polibo e Mérope, podendo regressar a Corinto sem medo, pois para lá fora levado pelo pastor que o encontrara no fundo de um despenhadeiro, com uma pedra amarrada aos pés, abandonado e à morte. Mostra ao rei as marcas que este possui nos tornozelos e os pés que ficaram deformados com o peso da pedra que os atava. Tudo se encaixa. Com horror, Édipo e Jocasta reconstroem a estória. Jocasta se suicida, Édipo fura os próprios olhos e sai de Tebas, banido pelo Tribunal.

(1)        Oráculo: trata-se da resposta de um deus a quem o consultava.
(2)        O enigma: “Que criatura pela manhã tem quatro pés, ao meio-dia tem dois, e á tarde tem três? Decifra-me ou devoro-te”.
(3)        Incesto: união sexual entre parentes consangüíneos.
Bibliografia:
            Sóflocles. A trilogia tebana – Édipo Rei, Édipo em Colono, Antígona. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004. (Coleção: A tragédia grega, V.1)
Chauí, Marilena de Souza. Repressão Sexual – essa nossa (dês)conhecida. São Paulo: Editora brasiliense, 1988.

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