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Curso de Filosofia                                                                                  Prof. George Artur

Ética cristã

        No mundo grego antigo a reflexão sobre o mundo e a harmonia do cosmos produziu diferentes doutrinas que procuravam orientar a ação dos indivíduos para uma vida voltada para o bem, a virtude e a harmonia com a natureza. A lei moral era vista como um aspecto da lei natural. A religião grega era bastante naturalista e os Deuses representavam a personificação de forças naturais como a terra (Gaia), o céu (Urano), o raio (Zeus), a fecundidade (Deméter), etc.
       
Na religião judaica, o Deus de Abraão, Isaac e Jacó não se identifica com as forças naturais, estando acima de tudo o que há de natural. Não se trata aqui do homem agir de acordo com a natureza, mas deve adotar uma nova posição que manda agir de acordo com a vontade do Deus pessoal. Para isso, ele deve conhecer a vontade deste Deus pessoal, deve procurar a revelação de Deus.
         
A partir dos ensinamentos de Jesus Cristo, tais como se apresentam nos evangelhos, a religião judaica sofre uma espécie de aperfeiçoamento. Jesus não nega a lei antiga, mas a relativiza num mandamento renovado, o mandamento do amor, que passa a incluir o perdão. É um amor diferente dos gregos e judeus. Trata-se de um amor que vem de cima:

Deus nos amou primeiro, por isso, na relação
com os irmãos (que são todos os homens,
expressos na categoria do próximo) cada um
deve procurar amar primeiro.

No sistema ético judaico-cristão o homem busca ser santo, como Deus no céu é santo. A meta da vida moral foi colocada mais alto, numa santidade, sinônimo de um amor perfeito, mesmo que este se apresente inatingível.

No cristianismo o homem deve viver para conhecer, amar e servir a Deus, diretamente ou a partir da sua relação com seus “irmãos”. Os ideais éticos se identificam com os ideais religiosos. O lema socrático “conhece-te a ti mesmo” é retomado por Santo Agostinho (354-430), que ensina que “Deus nos é mais íntimo que nosso próprio íntimo”. O ideal ético é o de uma vida espiritual, uma vida de acordo com o espírito, vida de amor e fraternidade.

Santo Agostinho (354-430)

Agostinho (Aurelius Augustus) nasceu em Tagaste, uma província romana no norte da África (na atual Argélia). Em sua juventude não chegou a ser um bom aluno, evitando o estudo do grego e recusando a leitura da Bíblia, considerada por ele como vulgar e indigna de um homem culto. Era apaixonado pela filosofia, em especial pelas obras de Cícero (106-43 aC), mas antes de se dedicar à filosofia ele mantinha uma vida bastante mundana. Seu comportamento mulherengo impediu que seu casamento fosse consumado. Apesar disso foi sempre fiel a sua amada, com quem teve um filho, morto ainda na adolescência.

Com a morte do pai, foi obrigado a cuidar de duas famílias. Começou a dar aulas de retórica e, na condição de professor, mudou-se para Cartago, centro urbano da região. Foi influenciado pelos maniqueus, que afirmavam a existência absoluta de dois princípios, o bem e o mal, a luz e as trevas. Angustiado, mudou-se para Roma e em seguida para Milão, onde acabou vivendo uma experiência mística que o fez converter-se ao cristianismo. Como convertido, decidiu se afastar de tudo para dedicar-se exclusivamente a religião. Foi para uma propriedade rural de um amigo com a mãe e o filho. Com a morte da mãe, voltou para Tagaste, vendeu as propriedades paternas e formou, com os amigos, uma espécie de comunidade monástica.

Apesar de tentar viver isolado das pessoas, ele acabou sendo eleito sacerdote coadjutor do bispo de Hipona, uma cidade próxima. Lá ele se tornou vigário, bispo coadjutor e, finalmente, sucessor do bispo. Nesse cargo ele permaneceu por 40 anos. Já próximo dos 72 anos de idade, ele enfim conseguiu se afastar das tarefas burocráticas para se dedicar aos estudos de filosofia. Seus escritos vincularam a filosofia helenística ao credo cristão. A filosofia era para ele uma espécie de instrumento auxiliar para ajudar na fundamentação da fé. “É necessário compreender para crer e crer para compreender”, dizia.

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